Doce de abóbora gila

“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma…” (Antoine Lavoisier)

Desde pequenita que me lembro de aparecerem na terra dos meus pais umas abóboras riscadas verde e que ficavam sempre para um canto… as outras as machadas, as menina, as porqueiras, eram colocadas em fila no telhado e ao longo doa ano eram consumidas de forma diversa, umas para os animais, outras para a sopa e as mais doces para os bilharacos por alturas do Natal.

E porque tudo o que é diferente me despertou sempre alguma atenção… lá fui pesquisar sobre aquela abóbora com uma casca tão dura e que merece tantos cuidados. Ainda não se usava abundantemente a internet como hoje em dia, mas encontrei umas receitas de doce de gila em alguns livros de receitas que haviam cá por casa.

Esta abóbora merece mesmo muitos cuidados para se conseguir fazer um doce bonito, bem clarinho, e com um bom sabor.

O primeiro cuidado é não usar qualquer tipo de instrumento metálico na sua preparação. Não se pode usar faca, para partir atira-se ao chão, de preferência dentro de um saco plástico, para desfiar usa-se as mãos e para levar ao lume tem de ser num panela ou tacho esmaltado.

Depois é necessária alguma paciência e cuidado para levar este processo até ao fim… e apesar de gostar muito de fazer este processo, não gosto do resultado final! Nunca fui apreciadora de doce de gila, mas encanta-me todo o processo de transformação daquela abóbora tantas vezes colocada de lado num doce rico e requintado…

Este foi um dos Miminhos da Marta que fizeram parte do cabaz do natal passado!

Doce de abóbora gila

Doce de abóbora gila by Miminhos da Marta

Pormenor dos fios de abóbora gila em doce by Miminhos da Marta

Ingredientes:

1 abóbora gila

sal q.b.

açúcar (mesmo peso da abóbora cozida)

2 paus de canela

casca de 1 limão

água (metade do peso do açúcar)

Preparação:

Colocar a abóbora num saco de plástico e atirar ao chão até partir.

Com as mãos retirar a casca, as sementes e a “tripa” (veio amarelo). Pode utilizar-se uma espátula de madeira ou plástico para soltar a casca da polpa (pode cozer-se a casca com a polpa e retirar depois, mas o doce fica com uma coloração mais escura e um pouco mais amargo).

Partir em pedaços e lavar muito bem em água corrente até deixar de fazer espuma.

Cozer  em água com sal durante 15 minutos. Deixar arrefecer.

Com os dedos, desfiar todos os pedaços da abóbora e mergulhar em água fria.

Deixar a repousar até ao dia seguinte.

Sem espremer, escorrer os fios da abóbora e pesar.

Pesar a mesma quantidade de açúcar.

Num tacho esmaltado, colocar o açúcar, os paus de canela, a casca de limão e a água.

Levar ao lume e quando a calda de açúcar começar a espessar adicionar os fios da abóbora.

Mexer frequentemente até a água evaporar quase na totalidade e os fios de abóbora fiquem vestidos com uma calda espessa e brilhante de açúcar.

Esterilizar os frascos e as tampas (eu costumo levar ao forno a 50ºC os frascos e as tampas recém lavadas durante 15 a 30 minutos).

Encher os frascos com o doce.

Cortar rodelas de papel vegetal com o diâmetro da boca do frasco, embebe-las em álcool e colocar por cima do doce.

Deixar arrefecer e colocar a tampa do frasco. Guardar em local escuro, fresco e isento de odores.

Pode utilizar este doce de imediato, mas fica melhor se utilizar uns meses depois de ser elaborado.

Pormenor doce de gila by Mimhos da Marta

Pormenor do papel vegetal a proteger o doce by Miminhos da Marta

Personalização do frasco com uma etiqueta by Miminhos da Marta